terça-feira, 8 de março de 2005

Memórias....



Quando vejo algumas fotos, já de alguns anos atrás, dou por mim a relembrar óptimos momentos que vivi no seio da tuna, da qual ainda faço parte. Foi a época "dourada" das tunas...... Refiro-me, mais ou menos, aos anos de 1998, 1999 e ainda talvez 2000.

Nesta época, ainda era eu um mero caloirito, mais precisamente, aspirante a caloiro, vulgo "pirilau"( pois quem entra ainda não merece sequer o estatuto de caloiro da tuna ), tinha muito mais cabelo, usava óculos, o traje brilhava e cheirava a novo e....... eu ainda nem imaginava onde me ia meter!
Praxes atrás de praxes, festivais, actuações em terriolas, encontros de tunas, muito convívio, copos, bifanas, e fundamentalmente: academismo!

E afinal de contas o que é isso do "academismo"?!..... essa palavra tão vulgar mas, ao mesmo tempo, desconhecida da maioria dos estudantes.....???!!!
Bem, eu não sei se consigo definir academismo, mas acreditem que é muito mais que uma simples "doutrina da filosofia académica"! Academismo é, acima de tudo, um modo de estar. É a igualdade, é o viver a Universidade segundo as suas regras e tradições; é seguir a normas da praxe e obedecer à hierarquia instituida; é viver experiências em torno da nossa academia, e saber partilhá-las com os mais novos. É saber aprender, para mais tarde saber ensinar.
Como vêem, nem de longe consegui definir este conceito, mesmo já tendo sentido por tantas vezes a sua essência. Acho que passa por aí mesmo, ter de "sentir".

Quando entrei para a Lusófona, procurei logo saber se havia alguma tuna, pois desde sempre tive o "bichinho" e queria realmente fazer parte de um grupo académico. Confesso que desconhecia completamente o meio e, inicialmente, o meu motivo era mais a vertente musical existente nestes grupos. Procurei informar-me e acabei por ir às audições. Uma semana e meia depois já tinha eu comprado o traje - a capa, a batina, o colete, a gravata, a camisa, a calça, a meia e o sapato. Nessa altura ainda não tinha grande significado para mim. Não passava de um "uniforme". Começava aqui um role de vivências e de etapas que tinham de ser vencidas.

Levei 1 ano e poucos meses a passar de "pirilau" a "carrula"- o caloiro oficial da tuna. Passei a poder usar a gravata, a comer com um talher ( até então só podia comer com as mãos ), ganhei alguma autoridade perante a classe inferior, e as praxes ocorriam em menor frequência. Os tempos eram difíceis, e os veteranos muito exigentes, por isso, como devem calcular, foi uma felicidade ter ultrapassado essa barreira! Seguiu-se mais 1 ano de relativa "bonança", por vezes intercalada com algum evento, em que a praxe fazia as delícias dos mais velhos. Havia quem se lembrasse de fazer "ginástica" às 9:30 da manhã, depois de nos termos deitado há duas horas atrás, com uns copos a mais........ e de boxer para a rua, lá iamos nós.

Ao fim de quase 3 anos atinjo finalmente a etapa mais desejada, o estatuto de "tuso"- o veterano da tuna. Devo de dizer que muitos ficaram pelo caminho, e outros tantos acabaram por desistir sem nunca ter chegado ao último degrau. Hoje talvez admita que, se o consegui, em tão pouco tempo, foi devido ao excelente grupo do qual fiz parte. Ajudámo-nos uns aos outros, e com alguma inteligência e perspicácia soubemos ultrapassar as dificuldades, da forma mais aprazível possível. Podia agora traçar a capa, comer com quantos talheres quisesse, opinar, praxar, rejeitar,.... tinha ganho a liberdade tantas vezes desejada, mas, ao mesmo tempo, ganhei responsabilidade.

Ao início, quando se é pirilau, tem-se, e eu próprio tive, a idéia de que tudo gira à volta da música e que tuna que é tuna tem de andar em cima do palco a toda a hora e tocar maravilhosamente, com destreza e afínco, qual Estudantina! Nada mais errado!
Com o tempo, fui-me apercebendo que a música não é mais do que o veículo que nós, estudantes, usamos para transmitir as nossas próprias vivências, sendo ela importante, mas não o mais importante!

Entretanto fui criando amizades, acumulei experiências (e devo dizer que vivi óptimas experiências), toquei em muitas dezenas de terriolas, deambulei muito pela rua, em particular por Alfama, fiz muitas serenatas, participei em muitos bons festivais, bebi, comi, ri.... e até chorei; no meio disto tudo, fui praxado centenas de vezes, humilhado, desprezado, sempre ouvindo que " o caloiro é feio, burro, verme, imundo, desdentado, orelhudo, chato, pestilento e rameloso".......para mais tarde ter o direito de praxar, ser respeitado, e poder transmitir, às classes mais novas, tudo aquilo que é a vivência de um caloiro.

No início deste texto, disse que tinha boas recordações. Refiro-me ao passado porque hoje as coisas estão diferentes. Antes de mais, já lá vai o tempo de caloiro. Após muitas trocas de opiniões, toda a gente é consensual ao dizer que é nesse fase que uma pessoa se diverte mais. Pelo espírito de entreajuda que se cria, pela juventude, pela despreocupação, por tudo ser novidade, etc.
Hoje a minha posição é mais a de deixar legado, organizar os eventos, passar a mensagem e ensinar.
- "E não é bom?"- devem estar a perguntar!? Sim, é bom e confortável! No entanto, não é tão bom como deveria ser. A malta de agora ( não lhes chamo jovens, porque eu próprio ainda me considero jovem! ) não é feita da mesma "nata", não se movem pelos mesmos princípios e a mensagem só é captada à custa de muito esforço. Não quero com isto dizer que os caloiros de hoje estão todos perdidos,..... até porque ainda há, felizmente, algumas pessoas com vontade de levar isto em frente.
Só que, não sei se é por não terem sido feitos à base da "porrada", do pião, do berlinde, do iô-iô,......... são mais, playstation, mais autistas, menos participativos, mais obtusos, têm menos amor à camisola.... são mais desinteressados. Com a agravante de que, só em cada 100 candidatos, encontrarmos alguém que saiba tocar, minimamente, algum instrumento. Eu ainda sou do tempo em que, em Linda-a-velha, havia dezenas de bandas de garagem. Bem sei que o ensino da música no nosso país é só para alguns privilegiados, mas sempre assim o foi! Concluo que tudo o que dá muito trabalho e implica sacrifício, a rapaziada de agora deixa para segundo plano. Fundamentalmente, "tradição já não é o que era"!

Se calhar estou a dramatizar, pois o mundo tunante está um pouco decadente de uma forma geral, não é só na Lusófona. As gerações de 73 a 79 foram realmente colheitas fantásticas e, se um dia nos chamaram " geração rasca" o que chamariam à geração de hoje? Talvez seja só uma fase. Ainda há por aí muito festival, toneladas de eventos académicos, festas atrás de festas....mas não com o sabor de outros tempos!!!

Hoje entro na sala da tuna e, na maioria das vezes, tenho de ser eu a abrir a porta! Sim, porque houve temps em que ela estava sempre aberta! Com um frigorífico cheio de minis, e uma sala fresquinha nos dias quentes de verão..... que mais poderia uma pessoa desejar nos intervalos das aulas? Ao olhar para todos aqueles prémios, cartazes, adereços, parece que ainda ouço, com saudade, a harmonia do acordeão, a melodia das violas, o rasgar do cavaquinho, o tilintar dos bandolins, o ritmado do bombo, o balanço do contrabaixo e o saltitar das pandeiretas! E as vozes!!! Que arranjos magníficos a malta fazia, que logo em segundos se juntavam umas poucas dezenas de curiosos para nos ouvir tocar.

E por fim, com casamentos pelo meio, alguns já com filhos, mais carecas, barrigudos, muitos já licenciados e outros a "caminho de".....ficam as amizades, as memórias, as lembranças de bons momentos vividos, muitas histórias para contar, muito convívio, e o desejo de que a tradição continue a ser, o que sempre foi.


Beijocas e Abraços

Gonça



"Que as lembranças de um estudante,
Façam saudade na sua história."







sexta-feira, 4 de março de 2005

Azares,,,,,,,,!!!

Deixo aqui um abraço ao irmão David pela perda das suas malas em Portugal. Em tanta mala que havia no Aeroporto da Portela, tinha logo de ser a tua, já viste o azar???!!!!

Enfim, o tratamento que os "trolhas" dão às bagagens também não é dos melhores, por isso não era de admirar, pois isso acontece diáriamente!!! Pensamos é que nunca nos calha a nós!

Compra um sabonetinho para lavares a peúga e o coecão, e olha........ quanto ao barbâmio, deixa-o crescer!!!

Espero que tragam boas fotos e não deixem de visitar todos os antros de prostituição para mais tarde estabelecerem o roteiro a visitar, a pedido do Curto!

Divirtam-se!

Beijocas e Abraços