quinta-feira, 17 de novembro de 2005

Recordações de Sagres


























































































Pois é, este ano fiquei de fazer um balanço das férias, mas não fui capaz. Apesar de ter gostado muito das férias deste ano, continuo a achar que não superou os anos anteriores. Bem sei que nenhum ano é igual mas, ainda hoje, ao escolher estas fotos, babei a ver as dos anos anteriores.....não sei se por ter deixado recordações mais felizes, se por terem sido melhor aproveitados os dias/noites, se por ter sido com outras pessoas que não estiveram neste último....enfim, por uma série de motivos, talvez até por sermos mais novos?? Pessoalmente identifico-me mais com as férias do verão 2003. Foi o primeiro ano, foi a novidade, foi a piscina, foi o Arcadas, foi o primeiro contacto com a tasca, com as praias,.... ao fim ao cabo, com Sagres.

Escusado será dizer que, se eu fosse um gajo choramingas, facilmente teria ficado com uma lágrima no canto do olho, tais são as recordações e as memórias que me vêm à cabeça sempre que vejo estas fotografias.
É engraçado ver algumas mudanças que ocorreram ao nível do grupo: as pessoas mudam de ano para ano, novos amores, amores perdidos, amizades feitas e desfeitas, com óculos, sem óculos, mais cabelo, menos cabelo, mais gordos/as, mais magros/as....... mas os copos e o espírito da família estão lá sempre.

Cada ano que passa vai-se perdendo qualquer coisita, e não sei se estarei a ser correcto ao dizer que, provavelmente, as pessoas estarão com menos tempo umas para as outras, começa a haver menos entrega. As mentalidades começam a mudar, e o que antes dava prazer ser vivido em grupo e, às vezes até, com algum espírito de sacrifício, passa a ser enfadonho e desinteressante. As opções tornam-se dispares, cada vez menos convergentes. Uns querem uma coisa, outros/as quererão outra. Surgem os primeiros "conflitos" entre solteiros e casais, que numa outra época passavam bem ao lado. Quem namorava e em tempos tinha determinado comportamento, agora estando desprendido/a começa a não querer estar em determinados papéis. Há quem queira apaziguar os ânimos e outros/as há que fazem tudo para que a sua opção prevaleça, nem que para isso tenham de pôr em questão as tradições da "família" que, mal ou bem, sempre se foram aguentando.
No fundo, com mais ou menos rebeldia, opinião própria, vontades pessoais ou não, todos nós queremos manter-nos juntos. Por mim falo e sinto-o. Apesar de saber que este grupo está longe da perfeição no que toca a amizade, entrega, sinceridade, honestidade, vergonha, e tudo o mais que deveria existir entre pessoas que já partilharam tantas experiências juntas, é mais que óbvio que vocês são os meus verdadeiros amigos. Nem tudo são rosas, é certo, mas a amizade é uma comunhão de valores e actos, e nesse aspecto eu sou mais um malmequer. O egocentrismo e a indiferença existem no grupo e nós sabemo-lo. Da minha parte, passa um bocado pelo meu jeito de ser, como todos sabem. Apesar de andar a fazer um esforço para melhorar em determinados aspectos. De qualquer forma, conheço pessoas do grupo há mais de 15 anos, e não foram anos de passagem, mas sim anos de vivências quase diárias. Isso para mim tem muito significado e é por isso que dou valor a todas as experiências que partilho convosco e tenciono continuar a partilhar.

Não quero com isto dizer que não tenho mais amizades. Todos nós temos. Se calhar, em determinados pontos, até nos damos melhor com outras pessoas, mas o que é certo é que acabamos sempre por voltar ao grupo. Vejo-vos como uma extensão da minha família, vejo-vos quase como irmãos ( neste momento tento ao máximo esquecer todos os rankings de ardósia que já passaram pelas nossas mãos) e foi com vocês que partilhei, nos últimos anos, as melhores experiências da minha vida.
Sagres foi, digamos, o apogeu. Julgo que antes de Sagres o grupo estava meio perdido. Havia confllitos internos, pessoas afastaram-se, outras desconhecidas entraram, travaram-se novas amizades e..... o que é certo é que, apesar dos espinhos de rosa, hoje somos um grupo bastante coeso. As vivências nos últimos verões e fins de ano foram tantas e tão intensas que vemos com alguma estranheza que alguém queira partilhá-las de forma diferente, e não como sempre foram. A vida é mesmo assim, é um vai e vem contínuo, umas vezes do nosso agrado, outras vezes não tanto. E o ser humano é inconformado por natureza, quer sempre mais e mais. Isso aplica-se também a novas experiências.
Quero com isto dizer que, independentemente do rumo que este grupo tome em decisões futuras, espero que a união prevaleça e no nosso coração esteja a última palavra. Gosto muito de todos/as vocês.

Espero que tenham gostado das fotos. Sabem tão bem quanto eu que é impossível fazer uma selecção decente. Acabamos sempre por ter de deixar algo para trás.... :)

beijocas e abraços

Gonça

E porque estamos na época....
























Decidi recuperar um post que coloquei aqui no blog em Novembro de 2004 porque gosto dele e acho que se adequa muito bem à época em questão. Apesar de já ter passado o dia de S. Martinho, estamos agora a viver o seu "verão" e, as delícias proporcionadas nesta estação do ano, merecem que eu recorde este texto e o partilhe convosco, mais uma vez.

"Sempre tive uma grande curiosidade em saber o porquê das coisas. Como é óbvio, não é excepção tudo que diz respeito a tradições. Assim sendo, andei a pesquisar sobre esta altura maravilhosa que é a das castanhas, água-pé, jerupiga, romãs, e o porquê do dia de S. Martinho. Ora pois então, conta-se que ia S. Martinho montado no seu cavalo quando se levantou uma grande tempestade. Avistando um mendigo a tremer de frio, S. Martinho não terá hesitado e, com a espada, rasgou a sua capa ao meio para que o homem se agasalhasse. Conta a lenda que, naquele momento, o Sol espreitou por entre as nuvens para que nenhum dos homens passasse frio. Desde então, o Verão de S. Martinho dá todos os anos um "ar da sua graça" (uns anos com mais Sol, outros com menos), sendo sempre pretexto para um magusto ao ar livre com castanhas assadas, água-pé ou vinho novo. Não se conhece a relação entre S. Martinho e as castanhas; provavelmente, será apenas uma coincidência de datas. Dia 11 de Novembro é a data da morte de S. Martinho e é sensivelmente por esta altura que nos meios rurais se prova o vinho novo, se enchem as pipas e há uma certa alegria no ar propícia a festas.Quanto às castanhas, desde sempre tiveram lugar nas mesas portuguesas. Na Idade Média, nas regiões mais desfavorecidas, os castanheiros eram até conhecidos por "árvores-do-pão", devido ao papel importante que desempenhavam na alimentação. Em regiões como a Beira e Trás-os-Montes, quando as colheitas de cereais eram fracas, as pessoas recorriam às castanhas para se alimentarem durante grande parte do ano. Em vez de pão comiam castanhas e, como os Descobrimentos não tinham ainda trazido as batatas do continente americano, as castanhas desempenhavam um papel muito semelhante ao hoje ocupado pelas batatas (ou seja, serviam de acompanhamento à maioria dos pratos). Cozidas, assadas, ou piladas, temperadas com erva-doce, recheio de patos e perús e até ingrediente de sobremesas e doces (como bolos, cremes, pudins e gelados), as castanhas aí estão para tornar mais saborosos os dias cinzentos de Outono.

A romã ocupou durante séculos um lugar importante na mitologia e nas cerimónias religiosas, provavelmente devido às suas características particulares. Foi, inclusive, considerada um símbolo de fertilidade em algumas civilizações.Este fruto, que surge no final do Outono, é tradição ser comido no Dia de Reis, 6 de Janeiro. Segundo a tradição, nesse dia devem-se guardar alguns baguinhos de romã no porta-moedas para que o dinheiro não falte no resto do ano…

Portanto, como podem ver, muitas das nossas tradições têm origem nos alimentos da época! Não há dúvida que grandes acontecimentos da História da Humanidade se passaram à volta de uma mesa recheada de iguarias. Saibamos aproveitar o que de bom a natureza nos oferece e comamos umas "quentinhas e boas" acompanhadas de vinho novo, para que esta tão deliciosa tradição perdure.

Certo é que, nas aldeias, o S. Martinho é vivido em todo o seu esplendor. Razão essa pela qual eu tanto gosto de ir ao Alentejo nesta época. Além do mais, posso sempre assar as minhas castanhas..."

Diário do Gonça - 12 Novembro 2004


Beijocas e Abraços

Gonça