quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Pacotinhos & Colecções

















Bem, depois de uma longa temporada a recolher exemplares, quer através de locais por onde ando, quer através da gentileza dos meus amigos, vou desta feita continuar a documentar a minha colecção, que de há uns tempos para cá tinha ficado em standby.

Já há mais de 1 ano e meio que não documentava os pacotes. Guardava-os, simplesmente...
Decidi então que já era altura de voltar a pegar nisto!

Efectivamente, uma colecção de pacotes de açucar só tem valor e começa a ser reconhecida enquanto tal, a partir do momento em que obedece a determinados parâmetros:

- Bom estado de conservação /Fácil observação e manipulação
- Datação/Origem
- Objectos em duplicado (para troca)
- Séries completas/incompletas

Ora, a minha colecção, de colecção não tinha nada! Eu ao certo nem sei quantos pacotes tenho! Comecei bem ao início integrando a informação numa base de dados, mas desleixei-me entretanto.

Voltei a pegar nela...

Agora, há que fotografar os pacotes que entretanto recolhi, documentá-los, vazar o açúcar (devo de dizer que isto foi sujeito a longa reflexão, a explicar mais adiante), guardá-los em pastas/arquivos com separadores adequados e manter este processo.

Fiz alguma pesquisa na internet, e descobri que existem separadores adequados aos diversos formatos dos pacotes. Os que é óptimo a nível estético! Existem inclusivamente arquivos com inscrição na lombada - "Colecção de Pacotes de Açúcar". Fantástico... isto é um mundo!

Bem, quanto ao facto de os arquivar com ou sem o açúcar...

... inicialmente, comecei por tirar o açúcar, talvez nos meus primeiros 30 exemplares! Depois, comecei a achar que daria muito trabalho e que só faria sentido coleccionar os pacotes com o açúcar. Na minha perspectiva, o pacote é o papel + o açucar, intacto, recolhido tal como saiu para o mercado. Julgo ser a forma mais correcta de os coligir.
No entanto, à medida que a colecção aumenta e os anos passam, verifica-se que o açúcar poderá ficar ressequido, amarelecendo e, eventualmente, danifica o pacote. Já pra não falar no transtorno que é manter organizados e com boa apresentação milhares de pacotes.
Ao retirar o açúcar, perde-se essência, sou o primeiro a confessá-lo, mas ganha-se em conservação e portabilidade. Afinal de contas, de que vale ser-se possuidor de milhares de pacotes, se estes estão guardados em caixas pesadas, na cave, escondidos de tudo e de todos, e muitas vezes acabando por ser esquecidos, ou utilizados para a confecção de um bolo de laranja, por uma avó mais incauta?!

Vai daí, decidi que vou retirar o açúcar. Vão ficar mais leves, poderei arquivá-los e trocar com outras pessoas, sem correr o risco de andar constantemente a largar lastro a formigas.

Bem, se isto até aqui tem sido uma brincadeira, a partir do momento que tiver compilada toda a informação, terei de ser um pouco mais metódico na minha recolha. Grande parte dos pacotes mais conhecidos do público, nomeadamente os da Nicola, os da Delta, da Bicafé, da Buondi, etc, são lançados sobre a forma de séries coleccionáveis. Com alguma atenção, sorte, simpatia de empregados de cafés e amigos, consegue-se, por vezes, completar a maioria das séries. Mas nem sempre isso acontece...

Desta forma, se um dia não souberem o que me oferecer, ou estão cansados de me dar pacotes avulsos, digo-vos desde já que no site da Nicola e no da Bicafé , a título de exemplo, podem adquirir as séries completas, algumas até nem vêm com o açúcar, já a pensar em quem colecciona. :) Custava-vos em média 10 euros e a mim dava-me um jeitão! hehhehe

Entretanto, continuo a contar com a vossa bondade e persistência em recolher um pacotito ou outro, sempre que se lembrarem. É um gesto bonito da vossa parte e é das melhores recordações que me podem oferecer, dos diversos sítios por onde passam. Isto claro, para os mais viajados!

Conto recomeçar esta árdua tarefa de documentação ainda esta semana. Logo que termine de catalogar o que tenho em stock, informar-vos-ei. Afinal de contas, todos vocês têm sido incansáveis na vossa contribuição.

Obrigado a todos(as)!

Beijocas e Abraços
Gonça

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Máquinas do Tempo...



Já tive oportunidade de referir em outros tópicos algumas das minhas paixões. A relojoaria é apenas mais uma. No entanto, é a mais complicada. Digo isto, no sentido de ser, talvez, quando levada a sério, a mais inacessível. Chega a tornar-se obsessiva e ao mesmo tempo frustrante.
Se vos disser que este relógio à esquerda - um Richard Mille - custa a módica quantia de 400 mil euros, talvez perceberão o que quero dizer...



Existem vários tipos de relógios:Todos eles têm um objectivo primordial: dar horas!

Mas não só....

Existem também vários tipos de potenciais compradores. Se para uns é apenas um objecto como outro qualquer, para outros é um objecto de colecção. Há aqueles que compram muitos para estar sempre a variar, outros há que, quando compram, é para a vida!

E vocês? Fazem colecção de Swatch? Ou relógios só da Omega? Ou os dos pacotes de cereais é que são bons? Analógico ou digital? Com cronómetro ou calendário? Pulseira de pele, de plástico ou de metal?

Começo então pela minha opinião:

- Para mim o relógio é uma peça fundamental. Mais do que uma simples máquina de dar horas, admiro o relógio pela incansável precisão, pelo engenho, pela minúcia, pelo requinte, pela tecnologia, pela simplicidade e pela informação que me dá.
Ainda me lembro de um relógio que tive quando era puto, que tinha um jogo de carros. Lembro-me também de cobiçar os Casio de alguns colegas de escola mais abonados, aqueles que tinham máquina de calcular. Sim, na altura em que o digital ainda estava na moda e não havia telemóveis, os computadores eram só para alguns e a Swatch para mim era desconhecida.
O único relógio que tive, até hoje, que foi eventualmente alvo de alguma inveja por parte de quem me rodeava, foi sem dúvida, um que funcionava a água que a minha mãe trouxe do estrangeiro. Deixou muita gente curiosa na altura (finais de anos 80). Hoje os tempos são outros...

No que diz respeito à relojoaria, existem dois mundos: o acessível (para os apaixonados e pobres) e o inacessível (para os puristas e sortudos). Existem diversas marcas no mercado, muitas delas conhecidas por todos aqueles que observam as montras das relojoarias dos centros comerciais. No que diz respeito á sua origem, é da Suíça que vêm as melhores manufacturas, bem como da Alemanha. Mas, só algumas (muito poucas) fazem parte do top 10.

Aqui ficam alguns exemplos:

-Patek Philippe;
-A. Lange & Söhne
-Blancpain;
-Audemars Piguet;
-Jaeger-LeCoultre;
-Franck Muller;
-Breguet;
-Vacheron Constantin;
-Girard Perregaux;
-Piaget;
-International Watch Company

Existem muitas outras marcas fantásticas que não aparecem nesta lista, pois para isso teríamos de criar um top 20. Falo por exemplo da Baume & Mercier, Ulysse Nardin, Daniel Roth...

Só depois, muito lá ao longe, começam a aparecer as tão conhecidas e já muito mais "acessíveis" - Breithling, Rolex, Tag Heuer....

O que torna os exemplares da lista acima tão únicos no mundo da relojoaria?
Mais do que o material do qual são feitos, é o grau de complexidade técnica dos seus mecanismos. Qualquer "grande complicação" como calendário perpétuo, tourbillon ou grand sonerie demoram muito tempo a desenvolver e a fabricar. E, como é natural, tudo isso tem um custo. A tudo isto, acresce o facto de serem exemplares limitados, ou seja, de grande exclusividade.














Pela sua extrema complexidade, este é o relógio mais caro do mundo. Um Patek Philippe Calibre 89. Tem 33 complicações e 1728 peças.

Mas afinal que termos são esses de "complicações", turbilhões, grand sonneries...???

Num relógio, manual ou automático, entende-se como sendo uma "complicação", toda e qualquer função que vá para além da simples informação: horas, minutos e segundos.
Actualmente, são dados adquiridos características como a corda automática ou o indicador de data, mas também estas deveriam ser classificadas como "complicações" mais comuns:

-as fases lunares;
-a reserva de marcha;
-GMT(fusos horários)
-calendário completo.

A estas juntam-se as chamadas "grandes complicações":

-cronógrafo fraccionado;
-calendário perpétuo;
-repetição/campaínha;
-turbilhão;

Ora, vamos por partes, até para que consigam perceber o que é isto tudo e para que serve!

Complicações Simples:

- A reserva de marcha, como o próprio nome refere, é normalmente um ponteiro que indica o tempo que o relógio ainda vai ficar a funcionar, até que seja necessário dar corda ao mesmo.

- O Calendário Anual é uma "complicação" intermédia entre o calendário simples - que precisa de correcções manuais à passagem dos meses com menos de 31 dias - e o calendário perpétuo, que dá conta dos 30 dias do Fevereiro normal e do bissexto. A função do calendário anual é fornecer a indicação correcta de todos os meses de 30 e 31 dias, mas precisa da correcção manual no fim de Fevereiro. Regra geral, o calendário anual permite visualizar, no mostrador data, o dia da semana e o mês ou apenas a data e o mês.

Ora, assim sendo, a "complicação" definida como Calendário Completo é uma função que visualiza, no mostrador data, os dias da semana, os meses e a indicação da data. No entanto, necessita de correcções manuais a cada passagem de um mês com menos de 31 dias. Função frequentemente combinada com a das fases lunares.

- GMT representa a sigla de Greenwich Mean Time (Tempo Médio de Greenwich) e que possibilitam a visualização de dois ou mais fusos horários.

Grandes Complicações:

- Calendário Perpétuo é a mais complexa das complicações relojoeiras ligadas à indicação do calendário, visto que indica sempre a data, o dia e mês exactos, sem necessidades de correcções manuais até ao final do ano 2100 (ano em que a cadência do Fevereiro bissexto não será respeitado).
No calendário perpétuo, uma roda apropriada dotada de gargantas a profundidade calibrada assinala ao mecanismo o número de dias de todos os meses, assim como o ciclo quadrienal do Fevereiro bissexto, assegurando assim a actualização da data. Às informações referentes à data, dia e mês, acrescenta-se frequentemente a das fases da lua.

- Cronógrafo Fraccionado (Rattrapante) é uma complicação cronográfica que permite – graças a um terceiro botão e a um ponteiro suplementar dos segundos cronográficos – medir ainda tempos parciais ou aqueles de um segundo evento que tenha o mesmo início.

- Repetição/Campaínha é um mecanismo de sinalização acústica do tempo. O mecanismo da campainha, uma das complicações mais complexas, é feito com cremalheiras para as horas, quartos de hora e minutos, que rodam ao mesmo tempo que os ponteiros e “assinalam” as suas posições às outras alavancas chamadas apalpadoras. Quando se activa a campainha, com base na posição alcançada por cada alavanca em relação a uma determinada cremalheira, o mecanismo dá tantos toques para cada função quantos forem os dentes adicionados, assinalando assim, de modo preciso, o número de horas, quartos de hora e minutos.

- Turbilhão é um mecanismo inventado por Abraham-Louis Breguet ainda no sec. XVIII e que faz com que a altitude e a gravidade não interfiram no movimento do relógio (neste caso relógios mecanicos) tornando-os mais precisos. O efeito da altitude e da gravidade é assim compensado por um turbilhão, constituído por diversas peças.
Um dos mais surpreendentes é formado por 69 peças independentes e no total pesa 0,3 gramas. Já se pode ter uma ideia do grau de complexidade deste mecanismo.




Este Frank Muller Tourbillon Revotion 3 custa em portugal a modica quantia de 751.150 euros. Mais de 150 mil contos !

Movimento turbilhão, 3 eixos, mecânico, de corda manual, calendário perpétuo, caixa em platina com abertura no mostrador que permite observar o turbilhão.





Depois de termos consciência do grau de mestria exigido para criar um mecanismo tão complexo, dificilmente poderemos dizer que um relógio serve somente para "dar horas". Acho demasiado redutor. Seria quase o mesmo que dizer que um carro serve só para nos deslocarmos de um ponto para outro. Trata-se fundamentalmente de paixão. Admiramos o engenho, respeitamo-lo, queremos possuí-lo, se bem que com os devidos custos!




Um fantástico exemplar da International Watch Co.

















Nem sei o que dizer deste extraordinário:

Roger Dubuis - Excalibur - o primeiro relógio do mundo com Turbilhão de volante duplo com diferencial.


complicações:

Turbilhão e volante duplo, indicador de reserva de marcha, horas saltantes e minutos retrógrados.


Os relógios mecânicos manufacturados, apesar de serem extremamente precisos e caros, por mais incrível que pareça, têm de ser submetidos a revisões com intervalo de poucos anos, para lubrificar engrenagens e confirmar a precisão do movimento de determinadas peças. Devo de salientar que este serviço, praticado minuciosa e regularmente pelos verdadeiros puristas, pode custar ao seu dono largas centenas de euros.
Bem, encaremos isto como levar um Rolls Royce à revisão. O fundamento é certamente o mesmo. Tudo se resume a mecanismos com desgaste.

Alguns extremos da Alta-Relojoaria...






Jean-Mairet & Gillman Tourbillon $ 185.900














Delacour Bitourbillon $448.500
















Blancpain Tourbillon Transparence $108.500















A.Lange & Söhne

















Um F.P. Journe de 535.000€

O 1º veio para Portugal!









Como devem ter reparado, não tenho abordado marcas como Omega, Rolex, entre tantas outras conhecidas do grande público.
Para mim a Rolex tem um GRANDE problema. É o relógio do novo rico. É um relógio normalmente em ouro amarelo e com uma clara pretenção de "EU SOU CARO", todos os novos ricos que não entendem nada de relógios, só querem Rolex porque é o que todos conhecem e o que todos acham que é bom.
Quando estamos a falar de relógios de luxo e relógios de qualidade 3.000€ são trocos!!
E, por mais incrível que pareça, aliás, como puderam reparar em fotos acima, os relógios mais caros não são aqueles todos em ouro amarelo e cheio de brilhantes... mas sim os mais simples, em ouro branco ou platina. E depois, o que está lá dentro é que marca a diferença.
Mas, num mundo de ilusões, gosta-se da Rolex porque todos conhecem e sabem que é caro.

O mesmo aplica-se à Omega e restantes marcas dentro da gama entre os 1500 e 5000€.

Atenção que também não podemos tomar em conta que os relógios da Rolex são maus. Nada disso. Há modelos muitos bons, precisos, resistentes, que duram uma vida inteira e que qualquer comum dos mortais adoraria possuir. Mas há outros que estéticamente são de levantar as mãos ao céu. E é nesse ponto que estas marcas falham - são inconsistentes!
Rolex? Sim, é bom. Mas há (muito, mas muito) melhor!

Agora para finalizar, como é que se explica que alguém dê 500 000 euros por um relógio? Bem, primeiro, tem posses para o comprar, segundo, supostamente sabe o que está a comprar. Um relógio de colecção é um investimento. Nunca perde o seu valor, desde que estimado. Tal como uma obra de arte.

Para quem não compreende e somente quer ver horas, extremamente precisas, sem falhas, que não avariam, compra um Casio daqueles digitais, que custam 20 euros.
Só que os relógios não servem só para "dar horas" (tal como o automóvel não é, exclusivamente, um objecto que nos desloca do ponto A para o ponto B).
Quem gosta de relógios, e os compreende, acha perfeitamente normal que um Blancpain 1735 custe 1.000.000 de euros, que um DoubleSplit custe mais que um BMW M3 ou que um "grand sonnerie" seja temperamental...
Os relógios, para quem se interessa por eles, são uma paixão. Não se pode racionalizar uma paixão.











E que tal o meu mais recente Swatch? :) Oferecido no Natal, pela Susana.
Devia-lhe ter dito que preferia um Frank Muller, mas certamente este adequa-se mais à minha situação financeira. Até porque eu nem sequer ia ter dinheiro para a "revisão" do F. Muller!!!

E pronto, finalizo este tópico já em horas tardias, com mais ou menos precisão.

Beijocas e Abraços
Gonça